Com o objetivo de “examinar e esclarecer o quadro de graves violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988” (Relatório da Comissão Nacionalda Verdade, 2014, vol. I, p. 15) no Brasil foi formada pelo estado brasileiro em 2012 a “Comissão Nacional da Verdade”, que em dezembro de 2014 publicou um relatório final contendo mais de quatro mil páginas. O Texto 5 de seu Volume 2 tratou exclusivamente de violações de direitos humanos dos povos indígenas ocorridas no referido período, em 58 páginas que pintaram mais um quadro triste e cruel. "Não são esporádicas nem acidentais essas violações: elas são sistêmicas, na medida em que resultam diretamente de políticas estruturais de Estado, que respondem por elas, tanto por suas ações diretas quanto pelas suas omissões. […] Como resultados dessas políticas de Estado, foi possível estimar ao menos 8.350 indígenas mortos no período de investigação da CNV, em decorrência da ação direta de agentes governamentais ou da sua omissão. Essa cifra inclui apenas aqueles casos aqui estudados em relação aos quais foi possível desenhar uma estimativa. O número real de indígenas mortos no período deve ser exponencialmente maior, uma vez que apenas uma parcela muito restrita dos povos indígenas afetados foi analisada e que há casos em que a quantidade de mortos é alta o bastante para desencorajar estimativas (Relatório da Comissão Nacional da Verdade, 2014, vol. II, pp. 204-205)